ciúmes

sinto ciúmes
do prazer das peles fêmeas que te causam sensação
e dos fragores das unhas que te cravam na emoção,

sinto ciúmes
dos aromas florais que te embebedam o olfato
e da bruteza do abraço que te faz um macho nato,

sinto ciúmes
do sabor da água fria em tua alma barroca
e da sôfrega lascívia da saliva em tua boca,

sinto ciúmes
do calor da água quente no teu corpo a se espelhar
e da maldade das fotos que provocam teu olhar,

sinto ciúmes
do sabor de cada fruta que te excita o paladar
e do som acrisolado dessas vozes que açodam teu cantar,

sinto ciúmes
do fervor da luz solar que te requenta os dias
e do estrondear do trovão que te trás arritmias,

sinto ciúmes
do prazer primaveril da fina flor que te me furtou a presença
e do lamento do espinho que me perfura em descrença.

Sílvia Mota.
Cabo Frio, 13 de junho de 2008 - sexta-feira – à tarde.
Reformulada em 25 de setembro de 2008 – 18:28hs.

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