
Escuta!
Num cantinho do destino
escondi a semente do meu sorriso,
mas, se prometeres plantá-la,
fazê-la florescer
e cuidá-la,
será tua...
É preciso um sonho
mais alto do que o meu
para salvá-la.
É preciso ser ágil,
pois homens desesperançados
ameaçam queimá-la,
à simples curiosidade e prazer
de criar um sorriso que chora.
Cuido de afofar a terra celeste,
pois no chão de todos os dias
cavouco meu coração,
na esperança de encontrá-la intacta!
Vem rápido!
Antes que as calamidades mundanas
enterrem suas armas no meu sonho
e, bocas que não conseguem ser puras,
consigam, em laboratórios infernais, aos berros,
transformá-la num sorriso brutal,
amargo, triste e cínico!
Vem rápido!
Deixa teu sonho ultrapassar meu infinito
e, arranca desta semente, as raízes fortes
e indestrutíveis, que teme mostrar.
Vem rápido!
Ao contrário, edificarão sorriso metal
disfarçado de alegria.
Iludirão a ti
- e, o que é pior -
enganarão a mim também.
Por favor, não deixa!

Rio de Janeiro, 8 de junho de 1992.
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