sedução inacabada

silviamotadecotefloresta



Perder-te...
Sentir as cores se apagando
nesse arrepio gostoso
que teu pincel fazia no meu corpo...
Perder a manha da tua voz
penetrando sensual e forte
nos meus sentidos...
Deixar no vai e vem das ondas
esse corpo repetir
que desejou ser apenas meu
e descolorir essa tela
que nunca chegou a ser
uma pintura famosa...
Perder esse homem menino
tão virgem de amor verdadeiro!
Perder e jamais voltar a ser
o êxtase que nunca sentiste
com outra mulher...
Desmanchar o meu corpo nessa tela
que tomava vida e se oferecia ao teu gozo.
Rasgar o lençol branco,
amassar a rosa,
lamber a gota de sangue
e suavemente
sentir o gosto adocicado
dessa quase sedução.
Perder a coragem
e não mais continuar a sugar,
chupar e sugar tua boca
até sentir na tua língua
o gosto quente do teu prazer.

Perder-te...
sem ao menos – um segundo - possuir-te...

Sílvia Mota.
Rio de Janeiro.

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