Enfeitiçada


Aonde, teu olhar,
ou tua voz?
Aonde, teu sorriso,
ou teu silêncio?
Teu dedilhar afoito
a desvendar, perito,
os segredos todos
da paz do meu corpo,
por onde?

E, minh'alma,
o que fizeste da minh'alma?
Para onde enviaste meu coração?
De que lado bate, agora,
do teu ou do meu?
Sou louca, à tua lucidez,
ou és a loucura do meu fracasso?

Nada obstante...
sou nada,
neste momento,
no qual as luzes
do teu olhar
trespassam meu corpo,
de um lado para o outro,
tal qual num fantasma!
Nada obstante...
sou nada,
neste momento,
no qual me declaro
ciumenta insana
e, arregaço as pernas
de todas as estrelas,
a procurar teu desejo!
Nada obstante...
sou nada,
neste momento,
no qual engulo,
vorazmente,
os orgasmos todos
de todos os cometas,
pensando-os teus!
Nada obstante...
sou nada,
neste momento,
no qual me pergunto,
aflita,
se ainda sou eu
ou, se ainda sei quem sou;
se possuo coração
ou se ostento alma!

Nada obstante...
neste momento,
neste momento,
no qual ignoro
as flores dos teus sonhos,
amarroto o verde das colinas
e procuro o meu céu
nos campos do teu inferno...
Neste momento,
em que me lanço
às vias do pecado,
a te buscar
nos horizontes,
inalcançáveis,
de repente,
tropeço e caio
sobre teu tronco,
sem folhas,
abatido,
no chão!
NU!
ERETO!
Sento-me!
E, somente ali,
em ti,
SOU TUDO!

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Sílvia Mota - "Poeta do Amor e da Paz".
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Cabo Frio, 2 de dezembro de 2009 - 00:24h.

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