tua palavra

Amor,
fala prá mim das coisas gostosas,
do sonho incontido,
da tua pureza,
da tua maldade.

Fala prá mim palavra bem quente
que arranca sentido
do fundo do corpo,
mudado em prazer.

Fala prá mim verdade ou mentira
que faz nosso mundo
de paz em requinte
gritar e explodir.

Fala prá mim da língua gostosa,
do membro arrochado,
profundo e enfiado
lá dentro de mim.

Fala prá mim de toda vontade,
de toda cantiga,
de toda seresta,
de todo desejo.

Fala prá mim dos sonhos sonhados,
do aperto apertado,
do gosto gostoso,
prazer espirrado
prá dentro de mim.

Fala prá mim de coisa suave,
de coisa bem quente,
de tudo de bom,
de tudo que é teu
e vira só meu.

Fala prá mim do abraço atochado,
da boca lambida,
da língua chupada,
do encanto escorrendo
no canto da boca.

Fala prá mim...

Sílvia Mota.
Rio de Janeiro, [1987].

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